• Ex-zagueiro fala sobre cotovelada que o deixou sem audição
  • Deus da Raça comenta rivalidade entre as duas equipes
  • Rondinelli rasga elogios a Filipe Luís e acredita no título

Flamengo e Atlético-MG entram em campo neste domingo, no Maracanã, para iniciar a decisão da Copa do Brasil de 2024. Em campo, dois times recheados de grandes jogadores, acostumados a decidir e ganhar taças. Ao lado do Palmeiras, as equipes protagonizaram as disputas dos campeonatos nos últimos anos. Enquanto o Flamengo conseguiu dois títulos da Libertadores, dois Brasileiros e uma Copa do Brasil, o Galo de Minas Gerais venceu um Brasileirão e levantou a Copa do Brasil no mesmo ano. Algo que apenas o Palmeiras conseguiu realizar.

O jogo por si só, já tem grandes atrativos como citados acima. Mas Flamengo e Atlético-MG tem uma história que vai muito além dessa decisão de Copa do Brasil. A rivalidade entre os times de estados diferentes já tem mais de 40 anos. Começou, exatamente, no dia 28 de maio de 1980. Depois de eliminar o Internacional, o Galo chegava no Mineirão, com mais de 90 mil pessoas, para encarar o Flamengo. Este havia despachado o Coritiba.

Uma cotovelada para a história

Neste primeiro jogo da decisão do Brasileirão daquele ano, um fato ocorreu que mudaria para sempre o status daquela rivalidade que estava apenas começando. Durante uma cobrança de escanteio, o meio-campo Palhinha, do Galo, acertou uma forte cotovelada no zagueiro Rondinelli, o Deus da Raça. Antes mesmo da batida, o defensor estava no chão se contorcendo de dor.

Rondinelli comentou com exclusividade ao site SDA sobre o lance que passou completamente despercebido pelo árbitro Romualdo Arppi Filho.

– Todo mundo viu a barbaridade que aconteceu comigo naquele dia. Todo mundo que estava lá sabe que foi faltoso aquele lance. Eu sempre fui um zagueiro que jogava duro, mas nunca tive a intenção de pegar um jogador na maldade, fazer uma barbaridade dessa que o Palhinha fez comigo. Assim, hoje está tudo superado, não guardo rancor, não tem mais o que reclamar. Mas foi muito complicado para mim aquela situação – disse.

Não foi fácil para o zagueiro que tinha como principal característica o vigor e a determinação com que realizava as suas jogadas. Não à toa o apelido de Deus da Raça. Rondinelli não só ficou fora do segundo jogo da final, no Maracanã, como ficou mais dois meses longe dos gramados. Portanto, a agressão de Palhinha ficou marcada para o futebol e no corpo do ex-zagueiro.

– Fiquei dois meses parado por conta daquela agressão. Até hoje tenho um fio de aço da mandíbula até o ouvido no lado esquerdo. No momento da agressão, eu já estava com o queixo deslocado. Eu tenho até hoje muita gratidão ao cirurgião que realizou esse trabalho. Vale lembrar que fiquei sem audição no lado esquerdo. Depois dos dois meses, voltei a jogar, mesmo sem audição né, mas ficou tudo bem e eu pude seguir com a minha carreira – revelou.

Lance em 1980 influenciou no Serra Dourada

O Brasileirão vencido pela primeira vez pelo Flamengo com um 3 a 2 no Maracanã classificou a equipe, além do vice, para a Copa Libertadores da América do ano seguinte. Naquela época, os times do mesmo país ficavam no mesmo grupo. Ou seja, Flamengo e Atlético-MG se enfrentariam mais duas vezes pelo menos naquele importante torneio. Depois de dois empates, tanto no Rio quanto em Belo Horizonte, a vaga na outra fase seria decidida em um jogo desempate.

No dia 21 de agosto de 1981, as equipes entraram em campo para duelarem pela terceira vez. Contudo, um fato curioso ocorreu naquela partida que aflorou para sempre a rivalidade entre as duas equipes. Aos 33′ do 1º tempo, Reinaldo se joga nas pernas de Zico, no campo de defesa do Flamengo. Cartão vermelho direto. Reinaldo já havia ido expulso na decisão do Brasileiro estava de fora novamente. A partir daí, foram mais três expulsões e o consequente W.O.

Rondinelli: ‘Eles queriam ganhar no grito’

Rondinelli não estava neste jogo. O zagueiro atuou na primeira fase e foi negociado com o Corinthians. Finalizava ali a sua trajetória com a camisa do Flamengo naquele momento. Apesar de não estar presente, Rondinelli comenta e dá razão ao árbitro José Roberto Wright que apitou naquele dia. Segundo Rondinelli, o Galo sempre quis ganhar no grito, desde o ano anterior.

– Joguei a primeira fase da Libertadores contra o Olímpia, fiz dois jogos e depois acabei negociado com o Corinthians. Contudo, eu assisti o jogo e basta ver que pelo andar da carruagem, eles ficaram com uma marrinha desde que perderam para o Flamengo no ano anterior. Eles queriam ganhar em tudo, no grito, na torcida, no campo. Só que eles precisavam entender que não levavam vantagem em nada. A única torcida que cresce a cada ano é a do Flamengo – falou.

Ainda conforme a opinião do ex-jogador, é simples perceber como foi a conduta do árbitro naquele dia. Para Rondinelli, as atitudes dos jogadores do Atlético-MG ditaram o ritmo da partida e o rumo que aquele confronto histórico tomou. Vale lembrar, segundo ele, que não fazia sentido o árbitro apitar a favor do Flamengo, já que o Rubro-Negro contava com um ótimo time.

– Aquele time do Flamengo sempre foi competitivo, então não precisava que nenhum árbitro apitasse a favor. A expulsão do Reinaldo foi justa, ele quase quebrou a perna do Zico. Como pode falar que o Wright ajudou. Eles esquecem que provocaram, acham que estão no direito deles de reclamar. Depois daquele troço horrivel que aconteceu comigo, lá no Serra Dourada é só rebobinar aquela filmagem. Veja o quanto o Zico foi caçado. Eles acham que eu não lembro o que aconteceu. O saudoso Palhinha me bateu daquele jeito e eles se acham santos? – relembra.

Elogios ao técnico Filipe Luís

Rondinelli comentou sobre a decisão de domingo entre Flamengo e Atlético-MG. Como sempre, a confiança está lá no alto. O ex-jogador, autor de um dos gols, ou talvez o gol mais importante da história do Flamengo, rasgou elogios ao técnico Filipe Luís. O Deus da Raça afirma que a passagem do treinador pelo sub-20 foi fundamental para a carreira do comandante do Rubro-Negro.

– Eu vejo que é um oportunidade grande na vida dele como treinador. Ele escolheu essa profissão, teve a sua chance no sub-20 e foi campeão mundial. Isso é uma experiencia assimilada, um estágio anterior ao que ele está. E passou muito bem pela base. Isso tudo fez com que a diretoria confiasse no ex-jogador. O Filipe Luís conhece como ninguém esse elenco e vai conseguir fazer esse time jogar mais. Eu vejo que ele tem totais condições de ser um treinador muito bom. E tenho pra mim que ele vai fazer uma brilhante carreira – disse antes de completar:

– Ele deixou transparecer para mim uma firmeza muito grande quando falou que muitos não iriam ficar felizes com as decisões dele como treinador. Então, dá a capacidade dele de escalar o time com a máxima qualidade não somente nesta decisão, mas no futuro. Que ele possa seguir, já que para mim ele começou muito bem.

Rondinelli confia no título

Então, nos dois próximos domingos, Flamengo e Atlético-MG disputam a decisão da Copa do Brasil. Em caso de vitória, o Rubro-Negro chegará ao seu quinto título. Campeão em 1990, 2006, 2013 e 2022, a equipe carioca é a que tem mais participações em finais. São 10 no total. A última vitória, como dito acima, foi em 2021 sobre o Corinthians, nos pênaltis. Vale lembrar então, que o Flamengo está em sua terceira final seguida.

Já o Atlético-MG chega a sua quarta decisão de Copa do Brasil. Campeão em 2014 e 2021, o Galo foi vice em 2016. Em seu último título, em 2021, o Galo superou o Athletico Paranaense na decisão em dois jogos. Depois desses dados, ao ser questionado pela reportagem do SDA, Rondinelli esbanjou confiança. Para ele, o Flamengo sempre se supera em decisões. Para esta final dos próximos dois domingos, não será diferente.

– Tenho total confiança no Flamengo. Em decisão sempre se supera e isso vai acontecer de novo. Mesmo com a rivalidade que vem de muitos anos, acho que os jogadores de hoje sabem separar as coisas. O Flamengo tem totais condições de vencer e levantar mais esse troféu. Fico imaginando quando o Atlético-MG perder de novo, o chororô que vai ser. Em quem eles vão colocar a culpa da derrota desta vez.

Duas decisões na história

Flamengo e Atlético-MG tem um histórico de rivalidade, mas só decidiram títulos duas vezes ao longo da história. No já citado Campeonato de 1980, quando o Flamengo levou a melhor e em 2022 pela Supercopa do Brasil. Naquela ocasião, o Galo tinha vencido a Copa do Brasil e o Brasileirão. O Rubro-Negro, portanto, participou daquela final como vice-campeão brasileiro. Depois de um empate em 2 a 2 no tempo normal, o Galo levou a melhor nas penalidades máximas por 8 a 7.

Vale lembrar, então, que naquele ano, eles se encontrariam novamente, mas pelas oitavas da Copa do Brasil. Embora não tenha sido a final, o famoso jogo do “Inferno”, ficou marcado como um divisor de águas da temporada para o Rubro-Negro, que terminaria com os título da Libertadores e da própria Copa do Brasil.