• Atacante do Flamengo teve foto vazada com camisa do Corinthians
  • Gabigol é ídolo do clube e está com a renovação emperrada desde 2023
  • Artilheiro brasileiro da Libertadores, Gabigol perdeu a camisa 10 do time

O atacante do Flamengo Gabigol se envolveu em uma grande polêmica que parou o Brasil na última semana. Depois da vitória do time sobre o Bolívar, em jogo válido pela Copa Libertadores da América, o jogador se reuniu com alguns amigos em sua residência para comemorar a sua volta ao time, após grande período de suspensão. Ao se negar a fazer o exame antidoping no Ninho do Urubu, o atleta acabou punido.

Então, com os seus amigos, alguns funcionários do Flamengo, Gabigol chega para receber seus convidados trajado com a camisa do Corinthians. Caso a imagem ficasse apenas na mente de quem esteve no evento, tudo bem. Contudo, algum integrante da festa tirou uma foto e vazou em um grupo de “Whatsapp”. Assim, não demorou muito para a imagem cortar o país e ser compartilhada pelas redes sociais.

Desculpas resolvem?

Em poucos minutos, Gabigol com a camisa do Corinthians foi o assunto mais comentado no país. O caso transcende as páginas exclusivas de futebol e virou matéria em outros programas, como os de entretenimento. Os torcedores do Flamengo, se sentindo traídos, foram às mesmas redes sociais destilar o seu ódio para cima de Gabriel. Mas, a pergunta que fica é: colocar a camisa de outro clube é tão grave assim? O caso merecia esse tamanho destaque negativo para o jogador?

Embora tivesse todo um contexto envolvido, como o interesse do clube paulista no jogador, além de troca de carinhos entre Gabi e os torcedores corintianos, é bem verdade que as críticas carregadas para cima do jogador do Flamengo, até certo ponto, foram, conforme os meios de comunicação e especialistas, justas. Como punição, o jogador perdeu a camisa 10 e ainda foi multado. Ainda há a expectativa para o encontro com a torcida. Isso porque o jogador pediu desculpas e há quem ainda não tenha perdoado.

Outros jogadores já passaram por isso

Não é de hoje que o jogador de futebol veste uma outra camisa, seja de um rival ou de outro clube clube qualquer. Como dito acima, tudo depende do contexto ou das circunstâncias. Como aconteceu com o maior ídolo do Flamengo, o eterno camisa 10 da Gávea, Zico. Depois de encerrar a carreira no clube, o jogador foi se aventurar no Japão. Nessa época, o Galinho voltou ao Brasil para participar do amistoso entre Vasco e Deportivo La Coruña.

A partida marcava a despedida de Roberto Dinamite, grande ídolo vascaíno, e amigo pessoal de Zico. Na ocasião, o grande astro rubro-negro vestiu a camisa do Vasco e entrou em campo para homenagear Dinamite. Além de Zico, outro ídolo eterno do Flamengo vestiu o uniforme do rival neste amistoso. Trata-se de Júnior. As imagens e fotos do jogo estão em sites de busca, mas nunca passou de uma grande homenagem dos ídolos, um ato de grandeza.

Zico: camisa do Vasco bem antes de homenagem

Mas Zico vestiu a camisa do Vasco em outra oportunidade. O lendário craque contou a história em sua participação no programa “Lado a Lado com o Furacão”, no Youtube. Segundo ele, muito antes do jogo em homenagem ao craque vascaíno, Zico participou de uma aposta com amigos. O desafio era vestir a camisa do rival ao lado de um torcedor do Vasco. Por outro lado, o mesmo torcedor tinha que vestir a do Flamengo e ambos posar para uma foto.

– Eu ganhei uma aposta, antes do jogo do Roberto Dinamite, de um amigo que tinha uma casa lá em Angra dos Reis. Tinha um cara lá que odiava muito o Flamengo e veio com uma camisa do Vasco. E me perguntou se eu vestiria. Eu respondi: por que não? Meu irmão jogou lá, treinou o time. Tenho muitos amigos lá no Vasco, não há nenhum problema – e continuou – Ele me falou, então, para vestir. Eu apenas disse que se eu tinha que vestir a camisa do Vasco, ele teria que vestir a do Flamengo. Ele pensou bem, imaginou os amigos zoando ele e aceitou. Essa foto foi aparecer anos depois, eu abraçado com ele. Depois, esse amigo me disse que nunca sofreu tanto na vida dele.

Zico vestiu a camisa do Fluminense

A história do maior ídolo do Flamengo vestindo a camisa de outro clube rival não parou por aí. No mesmo programa, o Galinho de Quintino lamentou uma publicação feita às vésperas da decisão da Copa Libertadores de 2023, entre Fluminense e Boca Juniors, na qual mostrava que o ex-jogador era torcedor do clube das Laranjeiras. Além disso, a publicação que logo viralizou, tinha uma foto de Zico com a camisa tricolor, além de alguns dizeres sobre a sua torcida.

Zico, então, fez questão de negar a veracidade das palavras imputadas a ele. Ainda foi enfático ao dizer que não torcida pelo Fluminense, apesar de já ter feito em situações pontuais, como quando seu filho Júnior jogou por lá, mas revelou que a foto com a camisa era, sim, verdadeira. Então, com muito bom humor, algo que lhe é peculiar, explicou sob quais circunstâncias (climáticas) o fato ocorreu.

– Isso aconteceu (vestir a camisa do Fluminense). Era um amistoso entre Kashima (Antlers) e Fluminense, estava um frio do caramba e quando acabou o jogo o cara pediu para trocar comigo. Eu que não ia ficar sem camisa no frio. Fui lá e coloquei a camisa do Fluminense. Troquei com o Marcio Meira, o preparador físico do clube na época. Não tem problema (ter colocado a camisa) – disse, e completou: Já fui torcer para o Fluminense, quando meu irmão Antunes jogou por lá. Meu filho Júnior também jogou e eu torci. Não há problema nenhum.

Outros craques e suas camisas

A lembrança mais antiga que vem à cabeça do torcedor é de Renato Portaluppi, hoje treinador do Grêmio. Na época, o ainda jogador, no ano de 1984, foi vaiado após uma atuação ruim pelo Gaúcho e saiu do carro que dirigia vestindo uma camisa do São Paulo. Muitos torcedores se assustaram com a imagem. Isso porque, um ano depois de ser o protagonista do Mundial de Clubes, Renato estava passando por uma má fase no Tricolor Gaúcho.

Em entrevista ao site Grêmio News, Portaluppi afirmou que um gole de café foi o motivo pelo qual vestiu a camisa do Tricolor Paulista. Conforme informações do próprio, além das vaias, os torcedores não gostaram de vê-lo com a camisa de outro clube. Ao ser hostilizado na saída do Estádio Olímpico, antiga casa do Grêmio, Renato ainda saiu do carro para encarar os torcedores.

– Eu estava tomando café no vestiário e alguém esbarrou em mim. Aí sujou minha camisa de café. Como no dia anterior eu tinha trocado a minha camisa pela do São Paulo, eu vesti ela. Os torcedores estavam xaropeando aí eu desci e perguntei ‘qual é?’. Por isso eu estava com a camisa do São Paulo – revelou.

O atacante usava uma camisa de Paulo Roberto, lateral-direito campeão da Libertadores e Mundial pelo Grêmio. E que havia sido negociado com o Tricolor Paulista. Depois da atitude do então atacante gremista, os xingamentos de “mercenário” se transformaram em aplausos. E assim Renato Gaúcho seguiu como ídolo do Grêmio.

Jorge Henrique do São Paulo

Em 2012, Jorge Henrique era um dos principais jogadores do Corinthians, campeão da Copa Libertadores e campeão do Mundial de Clubes, sobre o Chelsea, no Japão. Naquela ocasião, o técnico era Tite, hoje no Flamengo. No auge se seu sucesso no Timão, Jorge Henrique se envolveu em uma grande polêmica. Isso porque resolveu passar férias perto de um amigo que jogava no São Paulo.

O amigo era Denílson, volante do São Paulo, que passou pelo Arsenal, da Inglaterra. Por lá, o jogador faria um jogo entre amigos, mas um detalhe pegou o atacante corintiano de surpresa: o uniforme era o oficial do São Paulo. Para não perder a vaga no time, Jorge Henrique vestiu a camisa do Tricolor Paulista, mas escondeu o escudo com uma fita isolante. Mas a imagem viralizou, mesmo com as redes sociais ainda engatinhando.

Mesmo muito criticado, Jorge Henrique respondeu dizendo que não iria deixar de jogar por causa de um pano. Mas logo depois recuou e mudou um pouco o tom. Segundo ele, na ocasião, mostrou muito respeito ao São Paulo, mas tapou o escudo com fita porque tinha ainda mais respeito pelo Corinthians. E então, acabou perdoado.

Arboleda, do São Paulo, perde aposta

O início de 2021 para Arboleda não foi dos melhores. O defensor ainda não tinha se firmado no Tricolor Paulista e ainda se envolveu em uma confusão nas férias. Com amigos, no bairro onde a família ainda mora no Equador, o zagueiro perdeu uma aposta com alguns amigos e vestiu a camisa do Palmeiras. Logo a foto se espalhou pelas redes sociais e os torcedores são-paulinos começaram a pedir a saída do jogador.

O zagueiro pediu desculpas à diretoria assim que voltou das férias. Os dirigentes, por sua vez, multaram o jogador, mas consideraram o caso como um deslize inocente e não maldoso. Meses depois, em uma entrevista concedida ao programa “Esporte Espetacular”, da TV Globo, ele se mostrou arrependido e revelou ter sido o pior momento pelo qual passou no clube.

– O pior momento desde que cheguei foi (a foto com) a camisa do Palmeiras. Me marcou muito com os são-paulinos. Estou muito arrependido por isso. Foi uma aposta, que nunca achei que seria tão ruim. Uma aposta, uma brincadeira entre amigos do meu bairro. Não tem nada a ver com o sentimento e a paixão que sinto pelo São Paulo. Nada muda – disse.

Mudança de postura e título

O zagueiro deixou claro que o episódio serviu para que ele colocasse a cabeça no lugar. Isso porque, segundo o próprio, ele estava no caminho errado dentro do clube. Depois de conversar com a família, ele passou a mudar o seu pensamento para seguir no São Paulo.

– Fiz uma “consciência” comigo mesmo nas férias. Eu não estava no caminho certo. Muitos erros. Conversei com a minha mãe, minha família e refleti muito. Esse é o meu momento, vou seguir trabalhando e pelo caminho certo. Sou muito feliz aqui desde o primeiro dia em que cheguei. É a minha casa. Passei por muita coisa, momentos bons e momentos ruins, mas sou uma pessoa que luta dia a dia. Quero fazer minha história e ser campeão aqui – falou à época.

Vale lembrar que Arboleda hoje é titular absoluto da zaga tricolor. No fim do ano passado realizou o sonho do título, ao vencer o Flamengo na decisão da Copa do Brasil. Já na temporada de 2024, o São Paulo chegou a mais um título nacional. Nos pênaltis, superou o próprio Palmeiras na decisão da Supercopa do Brasil.

Artur, ex-Palmeiras, vestiu a camisa do Flamengo

O atacante Artur, que teve passagens por Palmeiras e Bahia, em 2019 passou por aperto. Isso porque, quando esteve emprestado ao clube baiano, viralizou nas redes sociais vestindo a camisa do Flamengo. Nem os torcedores do Palmeiras, então donos dos direitos econômicos do jogador, nem mesmo os torcedores baianos ficaram contentes. Logo o jogador precisou se retratar. Na explicação, ele afirmou que tudo não passou de uma aposta com amigos. Ele pediu desculpas e seguiu a vida após o episódio.

Equívoco não se limita ao Brasil

O Brasil não é o único país que ocorre esse tipo de situação envolvendo os jogadores. Embora os jogadores citados acima mostram que o equívoco é um pouco comum, fora do país temos exemplos de situações constrangedoras como a de Gabigol. O caso mais famoso deles é o do atacante italiano Mario Balotelli. Em 2010, quando jogava na Inter de Milão, foi flagrado posando com a camisa de seu clube do coração, o Milan.

Na ocasião, seu empresário deixou claro que tudo não passava de uma brincadeira. Entretanto, o fato deixou os torcedores da Internazionale chateados. Três temporadas após colocar a camisa da equipe milanesa, o polêmico jogador assinou contrato com o clube. Assim, sem problemas, conseguiu jogar em seu clube do coração.

Anos depois, Rabbi Matondo, também de férias, estava na academia com a camisa do Borussia Dortmund, rival do Schalke 04, clube rival. Jochen Scheneider, diretor do Schalke, comentou a situação do jogador na época do ocorrido.

– Eu deixei mais do que claro ao telefone com Rabbi Matondo o que eu penso sobre uma ação tão precipitada. Ele tem só 19 anos, mas isso não deveria acontecer. Nós falamos claramente com ele, que ele deve mostrar dentro e fora do campo a resposta apropriada para o seu comportamento equivocado – esbravejou na ocasião.

Júlio César veste a camisa de Casillas

Há quem vista a camisa de um “rival” de forma deliberada. Foi assim com Júlio César, goleiro que defendia o Queens Park Rangers, da Inglaterra, e a Seleção Brasileira treinada por Luiz Felipe Scolari. Embora a Espanha não seja um rival do Brasil, Júlio César fez questão de trocar a camisa com o goleiro espanhol Iker Casillas, após a decisão da Copa das Confederações daquele ano. A vitória por 3 a 0 da Seleção deu ao goleiro brasileiro o direito de levantar o troféu e posar para fotos. Ou seja, no momento mais nobre, Júlio estava com a camisa de Casillas.

Na época, o goleiro explicou o fato. As histórias não eram parecidas, mas segundo Júlio César, que deu entrevista ao site “Terra” logo depois do jogo,, os dois passavam por momentos difíceis em seus clubes. Assim, pela primeira vez em suas carreiras, eles tinham coisas em comum além, é claro, a admiração um pelo outro.

– Fiz questão de trocar de camisa com o Casillas, pois ele viveu um momento complicado, indo para o banco de reservas do Real Madrid. Já passei por isso na Inter de Milão e estou conseguindo me recuperar agora. Desejo que o mesmo aconteça para o Casillas, com tudo de melhor. Nós dois temos um grande respeito a nível internacional – disse.

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