• Jogo de Flamengo e Nova Iguaçu marca retorno de um ‘pequeno’
  • Técnico em 2006, Carlos Roberto revela como trabalhou para o título
  • Decisão começa a ser decidida neste sábado, no Maracanã, no Rio

O Nova Iguaçu começa a decidir o Campeonato Carioca neste sábado, contra o Flamengo, no Maracanã em busca de fazer história. Tal qual América, Bangu entre outros na história do Estadual do Rio de Janeiro, a equipe da Baixada Fluminense, de menor expressão, enfrenta um gigante com o objetivo de levantar o troféu.

Mas mais do que superar 11 jogadores do outro lado, o Laranjão tem uma difícil missão: quebrar um longo tabu que já dura mais de 50 anos, mais precisamente 58 anos. Isso porque a última vez que um clube pequeno do Rio faturou o Estadual foi em 1966. Naquela ocasião, o Bangu enfrentou o Flamengo na decisão e faturou o troféu. Inclusive, a última conquista da equipe da Zona Oeste carioca.

De lá para cá foram algumas decisões, mas sempre com vantagem para um dos quatro grandes da cidade, ou seja, Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense. Desde a longínqua década de 1960, os títulos dessas agremiações de menor porte se resumem a turnos, como Taça Guanabara e Taça Rio. Estadual mesmo, com decisão e definição do campeão, nada.

Contudo, mesmo sem o título de 2024, o feito do Nova Iguaçu é para ser comemorado. Afinal, esta é a primeira vez em 18 anos que um clube, fora os quatro grandes, chega à decisão do Campeonato Carioca. O último a conseguir foi o Madureira, em 2006. Assim como o Orgulho da Baixada, um clube sensação, o Tricolor Suburbano chegou para decidir contra o Botafogo.

Carioca sem três grandes nos mata-matas

O Campeonato Carioca de 2006 teve muitas peculiaridades. Além, é claro, de muitos times de menor expressão disputando a ponta da tabela, essas mesmas equipes estiveram nas fases decisivas, algo que não ocorreu com o trio Flamengo, Fluminense e Vasco. As três equipes não foram bem na competição. Inclusive, nem sequer disputaram a fase mata-mata. No caso do Flamengo, foi ainda pior. O Rubro-Negro ficou na 11ª colocação geral entre os 12 clubes.

O sistema de disputa era: 12 clubes divididos em dois grupos. Os times se enfrentavam dentro das chaves e os dois primeiros estavam classificados para as semifinais. No primeiro turno, Taça Guanabara, as semifinais tiveram Americano e Botafogo, América e Cabofriense. Na decisão, deu América e Botafogo. O técnico do Alvinegro naquela ocasião, Carlos Roberto fez questão de lembrar do jogo decisivo da Taça Guanabara.

– Foi um título muito especial a Taça Guanabara, ganhamos do América o primeiro turno por 3 a 1. O América tinha um time muito bom, com vários jogadores bons, que nos deram muito trabalho. O técnico era o Jorginho, que estava começando e fez um bom trabalho. Conseguimos vencer e levantar esse troféu, para depois disputar a final do Estadual, direito nosso por vencer esse jogo – disse o ex-treinador.

O meia Robert, ex-Santos, abriu o placar para o América. Contudo, no segundo tempo, o zagueiro Sheidt empatou em uma cabeçada certeira. Dodô virou o jogo para o Glorioso. Zé Roberto marcou o terceiro gol para a festa do Maracanã lotado. Portanto, o Botafogo estava classificado para disputar a decisão do Estadual.

Taça Rio sem os grandes

E se não teve três dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro nas semifinais da Taça Guanabara, na Taça Rio a festa foi dos clubes de menor expressão. América, Americano, Cabofriense e Madureira fizeram o mata-mata do segundo turno. Na decisão, o Tricolor Suburbano pegou, então, o Americano de Campos e venceu pelo placar mínimo.

Assim, Madureira, campeão da Taça Rio, estava na decisão do Campeonato Carioca contra o Botafogo. Então, a decisão ocorreu nos dois finais de semanas seguintes. Um clube pequeno do Rio de Janeiro ficava frente a frente contra um gigante para tentar levar o troféu para casa. Mas, muito mais do que possa parecer, embora os placares digam o contrário, os jogos não foram fáceis.

No primeiro confronto, vitória por 2 a 0, gols de Reinaldo e Joílson, os dois gols no segundo tempo do jogo. O Madureira perdeu alguns gols, o goleiro do Botafogo na ocasião, Lopes fez algumas defesas difíceis, mas no fim deu o Glorioso. O placar deu tranquilidade e uma grande vantagem para o time de General Severiano. Afinal, o Botafogo não conquistava um Estadual há nove anos naquela oportunidade.

No segundo jogo, o Botafogo abriu o placar com Dodô no primeiro tempo. No segundo, o artilheiro do Estadual daquele ano fez mais um. Fábio Júnior diminuiu. No fim, Reinaldo fechou o placar e o torneio para o Glorioso. O time da Estrela Solitária acabava com um jejum, como dito acima, de nove anos.

‘Muita gente não valoriza’

O técnico Carlos Roberto tem uma longa história no Botafogo. Com uma carreira pavimentada, sobretudo, no Mundo Árabe, o treinador chegou ao clube que o formou como jogador na década de 1960, com poucos créditos. Isso porque a maioria dos torcedores mais jovens, sequer tinham conhecimento da carreira de Carlos no Glorioso.

Como jogador, jogou ao lado de feras como Jairzinho, Garrincha, Afonsinho, Manga entre outros. Chegou ao clube para ser o treinador e mostrou que era vencedor também. Em um papo ao lado do amigo e ex-companheiro Jairzinho, falou ao SDA sobre o sentimento daquela conquista de 2006. Quase que como um aviso aos rubro-negros neste ano.

– O pessoal até nem valoriza muito por ser o Madureira, mas é um título estadual que eu me orgulho muito de ter vencido. Estávamos esperando pelo Flamengo (diz em tom de brincadeira). Deu muito trabalho para nós na final e para mim é muito valoroso este título. O time que conquistou o troféu tinha grandes jogadores que seguiram no clube – disse.

Sobre o Madureira, mais elogios. Para valorizar ainda mais a conquista, Carlos Roberto cita mais uma vez o Flamengo, mas deixa claro que o Madureira vendeu caro o troféu do Estadual, que até hoje é lembrado pelos botafoguenses.

– Estávamos esperando para jogar no domingo. A espera era pelo Flamengo. A preparação foi para enfrentar o Flamengo, mas aí veio o Madureira, que também tinha um time muito bom. Djair, Marquinho, Fábio Júnior, Odvan na zaga, André Lima também. Então, quem não chegou na decisão foram os outros times. O Botafogo foi lá e venceu – afirmou.

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